Souza Santos

Na Janela

Veja essa moça na janela repare bem nos olhos dela Veja em seus olhos e leia no verde daqueles campos quanta esperança de luz Veja como se aninha lá em cima entre os cílios um clarão de bem luzir Veja essa moça na janela repare bem nos olhos dela Veja quantas serenatas dançando em suas pupilas e quantos nomes e datas brincando de recordar Veja essa moça na janela não repare bem nos olhos dela Veja suas mãos um lírio pálido de aflição Veja o seio que escorre deslembrado Veja os gestos esquecidos e cansados Veja aquele corpo que se esconde na janela e em nada se assemelha à dona daqueles olhos Quanto ingrato é o tempo meus Deus ! apagou toda a beleza naquela mulher e para marcá-la mais ainda plantou viva nos seus olhos a semente das lembranças.


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