Um cronômetro para piscinas 

Da generosidade dos leitores

 

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Mantovanni Colares

 

 

Date: Thu, 9 Jan 2003 00:14:50 -0200
Subject: CRONÔMETRO DE SENSAÇÕES

Soares, poeta:

O enigmático texto "um cronômetro para as piscinas"- que já reparei ser da sua essência lançar enigmas, como nos faz a vida - me levou a uma viagem que tem a ver com mulheres e nossa eterna incompreensão do universo feminino.

Até porque - e isso não me escapou - você usou a trindade como ponto de equilíbrio: três tiros, três cálices de uísque; e a passagem mais bela do texto, os três personagens/vítimas unidos no cemitério, a ponto de um aguardar o outro, exatamente para formar a tríade do traidor, do traído e da falecida. Somente a oração por sobre o túmulo foi capaz de unir aquela tríade em cumplicidade.

Pesquei lá no fundo o triângulo amoroso que permeia a trajetória dos grandes romances, valendo só para citar o maior de todos de nossa terra, o "Dom Casmurro".

Belo texto, sensações de estarmos também perdidos na compreensão da volúpia feminina, que não aceita as regras do jogo (Vera sabia ser uma dentre outras, mas não tinha o direito de pretender fazer de seu protetor um a mais dentre outros), e que nos remonta a uma das mais instigantes cantigas de roda, onde a Terezinha de Jesus deu a mão ao terceiro - olha aí a tríade de novo - recusando a de seu pai e irmão, pois afinal o coração da mulher um dia rompe com suas raízes e se entrega ao terceiro que passará a ser o primeiro.

Mantovanni Colares

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Cleberton Santos

 

 

Date: Wed, 8 Jan 2003 09:32:00 -0200
Subject: Re: impressões de leitura


Caro Soares Feitosa,

Agradeço pelo texto e pelos votos natalinos. Desejo para sua pessoa muita saúde e a continuidade desta fértil imaginação em 2003.

Sobre a narrativa: no tom dos "bons e velhos" causos do sertão, sua narrativa é instigante/intrigante, prendendo o leitor ao desejo da leitura e ao desvendamento do episódio que se passa com o comerciante. traços de lirismo acompanham o fluxo da narrativa. 

A transformação de um estória popular pela voz do narrador/clássico em arte ficcional é fabulosa. as interrogações durante o diálogo me chamaram bastante a atenção. acredito que este recurso deu um efeito de imagem muito representativo para a narrativa (chego a visualizar uma das personagens do diálogo apenas com o ar de interrogação e movimento a cabeça). bem, desculpe pelas bobagens que acabo de dizer, pelo menos tento ser sincero quando escrevo sobre algum trabalho literário. 

E quando não gosto, silencio. estas são apenas impressões de leitura de um jovem poeta e entusiasmado pesquisador da literatura nacional. 

Um cordial abraço,

cleberton santos

feira de santana, janeiro de 2003

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Elizabeth Lorenzotti

 

 

Date: Sun, 5 Jan 2003 15:47:06 -0200
Subject: O bode
 

Querido SF

Que bichinho arretado esse seu bode. Achei um tanto difícil de entender no inicio, mas depois, como sempre, amei. 
Fiz uma entrevista recentemete com o cineasta Ugo Giorgetti, que entre outras coisas boas filmou Boleiros, um filme sobre velhos jogadores de futebol. Ele está terminando um documentário sobre uma usina falida no interior de São Paulo, da família Morganti. O documentário, na verdade, é sobre a capela, que foi pintada pelo Volpi. A industria está em ruínas, a arte na capela sobrevive. 

Comentei com ele sua máxima- só a a arte fica- e ele disse que você certamente gostaria de ver esse documentário. 
Eu também acho. 

Eu acho , como já te disse, que a arte salva, sempre.

Grande abraço 

Elizabeth Lorenzotti 

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Maria de Lourdes Aragão Catunda

[Dalinha]


From: Dalinha
Sent: Tuesday, January 07, 2003 11:23 PM
Subject: Histórias e histórias.

 

Fiquei contente com o carinho da resposta  e me tocou de " veras " a historinha verdadeira.

Poderia ser uma história sem sal, um relato comum ,mas aos pouquinhos vai sendo temperada, mexida  e agradando com certeza aos mais exigentes paladares.

Lendo a historinha e analisando o conteúdo. Pensei... O tal machismo! O homem pode ter mil mulheres, e ao ser traído por uma delas, se acha no direito de lavar com sangue sua honra. Mas eu sei que era assim.

Um dia, Soares, talvez eu te conte a saga de uma quase menina, que foi expulsa do paraíso. Tentada pela serpente, não resistiu a tentação e perdeu colégio,e perdeu família,e perdeu amigos,mas não perdeu  a razão e ganhou o mundo, e lutou,e batalhou, e cresceu, e multiplicou, e venceu, e ganhou a chave do paraíso de volta. Pois é, me animei e te dei o roteiro do meu filme.

Sei que fugi do tema, mas quero fazer ainda um comentário.

Sua história me fez lembrar o Ceará, Na boquinha da noite, cadeiras na calçada, ao sopro de um Aracati, histórias sendo contadas, e, cada vez que alguém contava a mesma história, dava detalhes diferentes. Onde se confirma a máxima ,velha conhecida de todos. " Quem conta um conto aumenta um ponto". Quando digo Ceará,leia-se Ipueiras.

A vida me fez poeta e tudo que eu não podia dizer para todos ia se transformando em poema. Estou te mandando um dos meus poemas que mais gosto.

 

LANGOR

Uma aura de melancolia,
sombreava seu semblante.
Seus olhos olhavam e não viam,
perdiam-se no horizonte.
 
Quanta tristeza contida,
naquele rosto moreno.
Sua face se orvalhava,
feito uma rosa ao sereno.
 
Que inferno lhe consome?
Que dores lhe afligem o peito?
Parece dor de amor,que fina,
e não tem mais jeito.
 
Talvez ela ainda não saiba,
que não se morre de amor.
Mais um pouco, cessa o choro.
E vai-se embora o langor.
 
Sei que me alonguei,mas já estou indo,não sem antes pedir sua opinião  a respeito do poema.
Um abraço,
Dalinha.

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Frederico Max

 

 

Sent: Thursday, December 26, 2002 1:10 AM
Subject: Re: Que estejamos criando!
 

Bem, Feitosa, realmente a arte tem essa capacidade. Você tem, eu tenho, e todos 'caídos' temos. É a capacidade do Homem encarnado que chamo arte. Infelizmente somos quase todos por demais obtusos, e ainda não sabemos como se construíram as pirâmides do Egito, ou os muros de Teotihuacan. Esses mistérios do concreto, do controle do físico são a tônica? Acredito que temos vários mestres ao longo dos tempos; as religiões existentes podem se modificar na liturgia, na teurgia, mas não no propósito. 

O sentimento de negação às contemporâneas é inerente ao processo de perda filosófica que vivemos. Não existirá nova religião, somente o retorno da filosofia e da arte, sob um novo prisma, nas e pelas existentes. É o que vemos em parte, esboçados nas propostas atuais.

Oxalá possamos presenciar cada vez mais a verdadeira reforma no próximo, pois dentro de nós ela já ocorre entusiasticamente!

Votos para um ano mais próspero ainda,

Sejamos felizes,

Abração do Frede

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Fagundes de Oliveira

 

 

Date: Sat, 11 Jan 2003 11:35:43 -0200
Subject: E este bode, com cheiro de gente, trabalha em que grau?

 

Exuberante!

Há que ter visão dos valores metalingüísiticos. Da dimensão das idéias. Do calor vocabular. Do expressionismo sustentador do nível autorial.

Na minha linguagem: Esplêndido. Bode deste porte ornamenta minha pasta de guardados-relíquia.

Obrigado pela oportunidade-presente.

E este Bode com Cheiro de Gente, trabalha em que grau?

Fraternal abraço, com tempero de amizade.

Estive em Fortaleza, hospedei-me no Othon, na praia do Meireles, com certeza perto de você. Na próxima, encontraremos.

 

Destas bandas de Brasília-DF,

Fagundes de Oliveira

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Laeticia Jensen Eble

 

 

Date: Fri, 10 Jan 2003 10:03:43 -0200
Subject: Um cronômetro para piscinas

Caro Feitosa:

Li com carinho seu presente ("Um cronômetro para piscinas"), extremamente criativo e que me deixou muito curiosa para ler o resto de Salomão. Não tenho muita experiência em analisar textos, mas me sinto à vontade para tecer alguns comentários que me chamaram a atenção:

1. a presença ideológica machista, tipicamente cultural brasileira, em que o pai de Alídio podia manter relação com várias mulheres ao mesmo tempo e isso era plenamente aceito, porém ao menor deslize de uma delas (Vera), esta mereceu um tiro mortal. E ainda a "compreensão" alegórica e interesseira do coronel com o fato, dá a entender que se fosse ele teria feito a mesma coisa, reforçando a idéia machista.

2. aquele recorrente "— ?" é genial. Abre um espaço em que o leitor se projeta, faz ele mesmo os questionamentos acerca dos absurdos que o comerciante conta. O leitor ali entra e se instala como personagem da cena, é onde ele se identifica.

3. e a citação em que diz "só a Arte tem o legítimo poder de transformar o puro em imundo", aproxima a arte de todos nós. A arte é um fingimento, e nisso todos somos experts. Quem nunca se viu fazendo o mesmo que o coronel? Enfeitando e ornando uma verdade, lhe acrescentando significado em favor próprio? A meu ver essa citação do monge (?) coroou o capítulo e deu um colorido especial ao seu conteúdo, foi o "fecho de ouro".

Parabéns e prometo que vou ler o resto disponível com calma...

Laeticia.

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Valdir Rocha

 

 

Date: Fri, 10 Jan 2003 10:28:59 -0200
Subject: Um Cronômetro para Piscinas - Salomão


Caríssimo Poeta, Contista, Contador, Contante etc. e tal, que tem nome SOARES FEITOSA,

Um Cronômetro para Piscinas é uma beleza de título cheio de esquisitice. Gosto dele depois; antes nem gosto nem desgosto, mas sou atraído pela riqueza do sem-sentido. Gosto depois, quando ganha (?) algum sentido.

Um Cronômetro para Piscinas é uma beleza de conto, quase monologado, da história de um corno - às veras - manso ou amansado.

Sei que Você diz que Um Cronômetro é capítulo de Salomão, livro em processo. Então, 'tá. Para mim é conto e capítulo. Admita. Tal qual Vidas Secas, do Graciliano. Seu Salomão, queira ou não, faz paralelo com ele. Secas de um lado, úmidas vidas de outro.

Para parodiar o personagem, diria que é o jeito de olhar. Tudo é. Nós o dizemos.

Salomão, que vai sendo parido aos poucos está ficando bom que é uma desgraça.

Abraços,

Valdir Rocha

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Carlos Felipe Moisés

 

 

Date: Tue, 14 Jan 2003 19:54:59 -0200
Subject: Alídio & Outras Vozes


Caríssimo Soares Feitosa:

Venha de lá o "Salomão" completo, que a amostra está para lá de saborosa...

Gostei muito da multiplicação de vozes no relato do Alídio, que reconta ao leitor a história contada pelo pai, a mesma história antes recontada, pelo filho, ao Coronel, que teria introduzido alguns acréscimos, e por aí vai. Gostei muito do contraste entre a rudeza dos eventos e a delicadeza do palavreado sutil. (Entendi bem?) Se entendi, acho que de confusa a história não tem nada, é até muito simples. A técnica do relato é que é elaboradíssima; como toda boa literatura, não é para leitor qualquer. Taí o que o texto tem (a meu ver) de melhor: induz o leitor a se julgar mais perspicaz do que é.

Em suma: beleza pura, o prazer da escrita e o prazer da decifração da escrita. Parabéns!

Abraço fraterno do seu

Carlos Felipe

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Luiz Paulo Santana

 

 

Date: Tue, 14 Jan 2003 13:39:47 -0200
Subject: "Um cronômetro para piscinas" e "A prova do fogo"


Poeta Soares Feitosa:

Li e reli os textos. Reli o poema "Salomão". O poema é impressionante, é uma vertigem, comparado com a relativa calma, assim mesmo relativa, da prosa de "Um cronômetro.." e "A prova do fogo". No poema a atemporalidade se destaca como em tempestade: a cada clarão, um tempo, ou mesmo vários tempos, o que relampeia, o que troveja, o que chove, o que corre pelo chão, tudo em fúria.

Na prosa a mesma atemporalidade. Mas os ritmos, as velocidades, são diferentes. Ou por outra, viajam em mais palavras. O caminho é mais longo. O fogo atravessando os tempos, desde Prometeu, passando pelos navios negreiros, pela senzala — a gravura de Rugendas — o Coronel aprendiz, as frutas, que o monge cego disse não conhecer, e que a mãe do Coronel prometeu servir ali, naquela horinha, como se fosse ontem, como se fosse hoje, como se fosse sempre. E o inusitado cronômetro, mais um sinal dos tempos. Que marca pedacinhos do tempo, recortes. Na cabeça do narrador ampliando, como uma lupa, o instante fatal, o momento em que tudo pode acontecer para o bem ou para o mal. O cronômetro, uma vez disparado, pode ser detido? E nós sempre procurando auxílio num deus cronômetro. É assim mesmo. Somos pequenos mas não desistimos. É curioso não é, senhora Liberdade, senhor Livre-arbítrio? Não, nada disso, desconfio. É que não podemos. 

Tomara que você consiga concluir o seu livro nesse 2003. E que ele lhe seja tão bom quanto.

Mando-lhe, já, já, um outro é-mail (em resposta ao que você me enviou, falando do bode — que não acredita em horóscopo — em que você me pede que fale de meus escritos, de minhas leituras e de minha distinta (sic) pessoa". Farei isso já, já.

Um grande abraço,

Luiz Paulo Santana

Belo Horizonte - MG

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Ana Cabreira

 

 

To: jpoesia@secrel.com.br

Date: Sat, 18 Jan 2003 21:50:41 -0200

Subject: Que coisa!


Caríssimo sr. Feitosa, 

 

Mas que coisa é a Arte, não? 

O senhor vai lá, amontoa umas palavrinhas - aquelas mesmo que, tão comportadinhas na fila do dicionário, nem dão piado - e transforma tudo num rio revolto, aluvião, remoinho, belezura...Tudo tão bonito, tche! Aí está o que chamo de Arte: aquele estranhamento que agudiza nossa percepção do real. Agora quero mais... 

Um abraço. Ana

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Rodrigo Gurgel

 

 

From: "Rodrigo Gurgel" <rgurgel@rodrigo.gurgel.nom.br>

To: jpoesia@secrel.com.br

Date: Sun, 2 Feb 2003 13:28:51 -0200

Subject: Re: Sinapses & gatos


Prezado Soares Feitosa:

Consultei o Jornal de Poesia, nos últimos anos, inúmeras vezes. E tenho certeza que bem poucos ainda não o fizeram. Você presta um serviço inestimável nesta internet recheada de inutilidades.

Acabo de ler a história que me enviou e gostei muito. O momento do tiro na testa de Vera é perfeito. Mas o melhor tiro é o olhar certeiro dela, olhar que prenuncia a própria morte, pede perdão e, ao mesmo tempo fere para sempre aquele que a molesta. Um olhar inesquecível.

Receba meus melhores votos de sucesso.

Grande abraço,

Rodrigo

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