Rodrigo Carvalho
Libertação    
					É. . .
					Dizem por aí que nasci para viver sozinho.
					Eternamente sozinho.
					Que importa? O que importa é viver!
					Tenho pressa de viver! Viver no meu mundo!
					Estou farto da vida estupidamente cotidiana!
					Não quero mais saber de regras insuportáveis!
					Eu insulto as pessoas-máquinas! Sempiternamente cautelosas!
					Que importam as regras, as infâmias?
					Que importam?
					Recuso-me a aceitar o absurdo daqueles que acreditam
					na impossibilidade de crer que viver,
					é só isso aí. . .
					Queimem de raiva contra mim os que acreditam no sistema!
					Morram de dor as atitudes impostas!
					Destilem seus venenos,
					que eu beberei. . .
					Tenho nervos de aço, onde não corre sangue nas veias,
					ou mesmo no coração.
					No meu coração correm vastas emoções,
					e o fluxo de pensamentos.
					Se tens as regras, cumpra-as!
					Se tens a subordinação, humilhe-se!
					Se tens tudo, fazes!
					Eu, tenho a minha loucura!
					Porque, vocês que dizem possuir o direito,
					acham que podem ignorar tudo aquilo que sinto em meu peito?
					Ah! Que ninguém me defina!
					Que ninguém me questione!
					Eu, que não vivo sem a minha loucura,
					não me questiono!
					Eu faço!
					Vocês, miseráveis e desprezíveis,
					só vão ter o respeito que querem,
					no dia em que souberem — e quiserem ! —
					respeitar a minha vontade.
					Se não for assim. . .
					Unam-se todos contra mim!
					Alimentem-se do meu ódio!
					Mas, não aliem-se ao inimigo. . .
					Costumo andar sozinho. Não acompanho ninguém.
					Prefiro seguir aos lamentos, machucar-me, arrastar-me,
					a seguir todas estas regras insuportáveis.
					Mas, viver!
					A dor é uma coisa real, sim, mas que estou
					aprendendo a abraçar.
					E assim vou vivendo. . .
					Sozinho. . .                                                                                               
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