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Página atualizada em 04.09.1999
 
 
Severino Cordeiro de Souza
(Biu Crisanto)

Remetido por
Estanislau Fragoso Batista


SEVERINO CORDEIRO DE SOUZA (Biu Crisanto)  
Viveu e morreu em São José do Egito, Pernambuco, terra de poetas e cantadores. Contemporâneo e conterrâneo de Rogaciano Leite, Louro do Pajeú, Cancão, Antônio Marinho, Dimas e Otacílio Batista, e Jó Patriota. A rua onde viveu chama-se BECO DO POETA. Chamado também o "poeta do beco".Cedo perdeu tudo, inclusive as duas pernas. Morava num pequeno quarto que dava frente para o sol, para a seca e o sertão da Borborema.  


4 poemas: 
    No sertão antigo  
    Dúvida 
    Pressário  
    Na Borborema  
     
   
No Sertão Antigo 
Um moleque no corte assobiando, 
Um cavalo pastando na ladeira, 
Uma briga de bois na bagaceira, 
E um boeiro malfeito "cachimbando".  

Um novilho pé-duro ruminando 
Na sombra do oitão da bolandeira, 
Um telhado coberto de poeira, 
E um rebanho de ovelhas descansando.  

Dois bois mansos criolos atrelados, 
Parecidos em tudo, emparelhados, 
Vão puxando a almanjarra sem preguiça.  

Enquanto várias campesinas belas 
Aparecem cantando nas janelas 
Duma casa de alpendre à tacaniça.  
 

   
D ú v i d a 
Nasci! De onde vim é que não sei, 
Enfim também não sei para que vim, 
Se vim para voltar para que fiquei 
Neste intervalo de incerteza assim?  

Nao foi do pó fecundo que brotei, 
Nao sei quem tal missão me impôs. 
O acaso não foi, já estudei... 
Desta incumbência desconheço o fim.  

Sou a metamorfose das moneras 
Desagregadas nas primeiras eras, 
Reunidas hoje nesta luta infinda.  

Sou a passagem irreal da forma 
Submetida aos desígnios da norma, 
Do meu princípio não sei nada ainda, 

   
Presságio 
 

No pé daquele outeiro fumarento 
Onde uma ave horripilante ulula 
Pressagiando um acontecimento, 
Uma jovem "perdida" se estrangula.  

Langues sanguíneos tingem o firmamento, 
E um nevoeiro acinzentado ondula. 
Por un lado do morro já cinzento 
0 verde-oliva da ramagem azula.  

Vma mulher pejada à fonte desce, 
Subitamente o corpo reconhece 
Cheia de dó a causa entrega ao bom Jesus.  

E diz pedindo a Deus: Ah um aborto! 
Se for pra ser sem sorte nasça morto 
Este menino que vou dar à luz.  
 

   
Na Borborema 
 

O Sol desponta ruivo cor de gema, 
Iluminando o pico magestoso, 
Do gigantesco dorso sinuoso 
Da tão acidentada Borborema.  

No sopé da montanha geme a ema, 
E embaixo o terreno podregoso, 
Ouve-se o canto ingênuo e harmonioso 
Da inocente pernalta, a seriema.  

Chove,troveja, e o vento forte agita, 
A flora se sacode, a fauna grita, 
Um raio irado desce e a penha abre.  

Agora é tarde, o Sol rubro descamba, 
E rodopiando como roda bamba 
Apaga a luz detrás da Serra-Jabre. 

 

      


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