Poético Ataúde
            Sebastião Cherubim 
             
         Há que ter uma úlcera no peito 
        um ódio inteiro,fundo,tão medonho 
        há que arrancar das tripas qualquer sonho 
        e ao final da morte dizer “bem feito”. 

        Há que jogar ao lixo verso estreito 
        e nem se perguntar aonde é que eu ponho 
        a lágrima secreta, o rim tristonho 
        a lua, os campos, os ais, o cinza, o leito. 

        Arrebentando rimas e artrites 
        a poesia, enfim, rompe o ataúde 
        e urra então o bardo,estamos quites 

        teu palavrório nunca mais me ilude 
        jamais, jamais minha voz terá limites 
        jamais o fogo perderá a saúde! 
         

             
         
         Remetente: trajano@cwb.palm.com.br

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