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Um esboço de Da Vinci

 

 

Soares Feitosa

Jornal de Poesia

 

Salomγo

 

Quinto Movimento

Ode

 

Transcrição literal de uma carta:

                                        São Paulo, 26.03.97
Ilmo. Senhores
Diretores da Edições
Papel em Branco
 

Prezados senhores, venho por meio desta solicitar de vossas senhorias em caráter de doação o livro FIAT BREU, de Luís Antonio Cajazeira Ramos. Caros senhores, meu nome é Djalma Ribeiro Cavalcante, estou preso em cumprimento de pena aqui na Casa de Detenção de São Paulo, meu passa-tempo é lêr e gosto muito de poesia, sonetos e versos como também outros tipos de literaturas construtivas, e cuja a filosofia leve a algum lugar.

Gostaria muito dependendo das possibilidades de receber esse exemplar, quero salientar que não tenho condições de comprar.

Quero agradecer a quem lêr esta simples carta se tiver condições de me enviar o livro eu ficarei muito grato, e agradeço desde já de coração, e se não tiver eu agradecerei do mesmo jeito.
      Ficam com Deus, e Boa Páscoa.
 

Djalma Vicente de Souza Carvalho, Prontuαrio de nΊ 490.822.317-17
Casa de Detenção - Av. Cruzeiro do Sul, 2.630
Carandiru, São Paulo, Capital
CEP 02.087-900

 

 

Quero que contes novamente, Capitão.

É pra já, Coronel,
cento e onze: 111. 

Assim:

hum † hum † hum
hum † hum † hum 
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum † hum † hum 
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum † hum † hum
hum  †  hum   †   hum
hum † hum † hum
††††††††††††††††††

 

 

 

——    p á  r  a !

 

 







Carta-dedicatória de Luís, Poeta:
  

Prezado Djalma:

Perdoe-me por ter retido seu livro por tanto tempo em minhas mãos sem devolvê-lo.

Ele, o livro, que sempre foi seu.

        Salvador, 31.3.97.

       Luís Antonio Cajazeira Ramos
 

 

 

E no veleiro do morro do Retiro, da frota
negreira do Coronel Souto, 
quantos, Capitão?

 

Sessenta e cinco negros, Coronel, mas 
deve ter
muito mais
enterrado dentro do chão.

 

E no brigue Casa Amarela, 
e no Nova Descoberta, 
quantos negros, 
dos negreiros de Coronel Arrais?

Coronel, nada temos
com aqueles morros de lá,
nem com os veleiros desse outro Coronel, 
mas afundaram numa noite
setenta e sete negros.
Disseram, Coronel,
que o destroço por lá também foi terrível!
Nós não temos nada a ver, ainda bem,
Coronel!
 

Claro que temos, Capitão! 

Não me venhas, 
Capitão, fingir de tuas culpas, 
nem te fazeres de santo, 
que santos não somos: 
também entregaste, a mando meu, 
também a mando 
do coronel de lá, grossa mercadoria® no Porto 
e “precatórios”! 
 

Galinhas coisa nenhuma, Salomão!
Pura safadeza!

Um porto!, ah, um porto!?

Porto de Galinha?! Um porto de negros, Capitão —
e muito dinheiro por baixo do manto.

 

 

Tiziano, O sagrad e o profano

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Tiziano, O sagrado e o profano

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