Raul Seixas


Sacrilégio

Eu acordo de madrugada Eu acordo com quase nada Areei meus dentes Penteei os cabelos Enxagüei meu rosto inchado Me armei da 007 Me meti no paletó Quase me enforquei no nó Da minha gravata Um beijo na minha mulher E dezessete beijos e meio Um em cada filho meu Meninada que eu tenho estima e afeição Eu sou bancário Meu banco é de sangue Eu sou bancário Eu jorro meu sangue Eu sou bancário Os olhos de Drácula Pousam sobre mim Firme, na escuta do PBX


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