Rogério F. P.


A Tanatus.

Que gosto tem, no final da tarde, cálida criatura, tornar-se a figura que assusta minh'alma dando fim a toda a minha calma, e se afastar levando consigo a última parede do meu abrigo? Seus olhos são archotes fumegantes de pavor. Sua boca traz blasfêmias do inferno mas, mesmo assim, pobre enfermo, acendo pra você uma vela em sinal de reverência. Leve-me embora, já é tempo, finda-se a hora. O tempo escoa sobre os andrajos desse corpo imundo, já pende a carne carcomida e ofereço-a a você, minha querida! Tem a sua frente um adorador. Leve-me, meu amor, envolva-me em seus braços e faça, finalmente, dessa existência demente uma estátua posta no inferno!


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *