Rui de Noronha


Grito de Alma

Vem de séculos, alma, essa orgulhosa casta, Repudiando a dor, tripudiando a lei. Num gesto de altivez que em onda leva arrasta Inteiras gerações de amaldiçoada grei. Ir procurar, amor, nessa altivez madrasta, Um gesto de carinho ou de brandura, eu sei? Ao tigre dos juncais, duma crueza vasta, Quem há que roube a presa? Aponta-me e eu irei! Cruel destino o meu, que ao meu caminho trouxe Na fulgurante luz do teu olhar tão doce À mágoa minha eterna, a minha eterna dor. Vai. Segue o teu destino. A onda quere-te e passa. Vai com ela cantar o orgulho da tua raça Que eu ficarei cantando o nosso eterno amor ...


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *