Ricardo Madeira

O Metropolitano

Num rosto Nasceu e faleceu Um sorriso Que riu e ruiu. Um Sol Caído e ferido, Astro-rei Queimado, gelado. Mas é assim que acaba tudo, Sem saber aquilo que poderias ter alcançado, O teu olhar tornou-se mudo, Desconhecido um paraíso que jaz inexplorado. Olhos sem brilho, De luz despidos, Nem caminho nem trilho, Hotéis escuros... Impuros... Horror em tudo o que vês... Olhos e caras, Foges e páras, Sombras e luzes, Pregos e cruzes... O som do martelo, Tão suave, tão belo, Apenas mais uma crucificação, Apenas outra só razão Para esquecer... Para adormecer... O túnel, o clarão, Pensamentos, sentimentos a brotar, O chiar e o trovão, Tão poucos momentos, tanto para dar... Em sangue um sol... não se tornará a erguer, infeliz... Pedaços de algo outrora eterno são cadáver nos carris.


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