Reginaldo Leal


A Morte, pois me mostraram a vida

trago a morte não como farsa mas farta, ufana. Zela pelo meu segredo distraída, necessária, apressada indivisível, única, derradeira como eu. persegue não a mim mas aos meus passos pois sequer me espera. não me cansa doura-me juventude soma o sol, meu sol minha estrada inteira deseja o meu amor questiona o meu desejo sorri com o meu erro. corre a morte em busca de mais uma aventura me ama, me trai pois tem a mim seu próximo ato seu amo, seu guerreiro que atravessa a fantasia que sorri de medo e falta. trago a morte, inteira infinita como meu âmago incontestável e indesejável que não pernoita apenas espreme o ego inconfundível como eu mesmo apagado, vivo e morto. trago a morte não por essência ou desespero mas porque o tempo me conta e não me exclui, porque não me esconde a náusea nem me põe o rancho da maldade. a morte quer apenas fluir meu contentamento acender a estrada, via láctea. a morte nunca me deixará sozinho como se eu fosse a vida inteira reservado, preparado para a sorte. a morte não me dará vida mas me esconderá dos transeuntes, dos descaminhos e não me postará por inveja em quase todos que me vêem.


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