R. B. Sotero

Meu Signo

Quatorze dias por andar janeiro, Ano da graça de cinqüenta e sete, Vim ao mundo levando um bofete Para chorar o meu pesar primeiro. Segue meus passos signo agoureiro, E a ventura, vilíssima vedete, Armada de punhal e de gilete, Quer me matar pois não me quer herdeiro. Quando nasci, o céu anuviou-se, Um cipreste nasceu, u'a flor murchou-se; O sino da matriz dobrou sem fim. Pálida a lua despencou, minguante, E a maré, no refluxo da vazante, Buscou os mares pra fugir de mim.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *