Fernando Py

Sextina 2

A Cyro Pimentel
A vida me anoitece de sofrê-la no açoite e vivê-la vazio da beleza que a tece — mudo me faço e noite cego surdo e sombrio. O futuro é sombrio quando a alma anoitece e me engolfo na noite e me entrego ao açoite — voltas que a vida tece nesse abismo vazio. De coração vazio escondo-me em sombrio casulo que me tece a vida que anoitece a alma ao pleno açoite que me oferece a noite. Faço-me a própria noite e em minh'alma o vazio silêncio lembra o açoite latejante sombrio da idade que anoitece — fiação que me tece. Pois tudo que me tece lembra a pedra da noite no peito que anoitece — a alma sente o vazio desse peso sombrio à maneira de açoite. Claro nítido açoite é o que a vida me tece extraindo o sombrio refugo dessa noite — deixa na alma o vazio do corpo que anoitece. Este açoite anoitece e me tece vazio no sombrio da noite.

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