Fernando Py

Canto de Muro

A Mário Quintana
Num canto de muro o garoto chorava num canto de muro a Terra findava num canto de muro a noite pousava crepúsculo sujo de rua asfaltada. Num canto de muro nem Deus se encontrava num canto de muro blasfêmia gravada num canto de muro o diabo urinava no chão sem futuro da terra ensombrada. Num canto de muro o sol desmaiava e a noite tranqüila o solo ocupava — a posse, tão fria (terreno tão duro) teu ângulo diedro, parede, rachado. Num canto de muro esquina forçada o mundo vivia e o mundo acabava. Num canto de muro a sombra vazia prepara o futuro da nova cidade.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *