Pinheiro Viegas

Medalhão Grego 
 
Escuto Debussy. A noite. O luar. O oceano, 
 Recordo-o. Onde isso foi. Eu não o sei. Perdi-o. 
 Era o éfebo irreal - grego mármore humano 
 Olhei-o . Olhou-me. Riu. È um demônio. Eu rio. 
 
Belo mármore jônio impassível - engano! 
Os olhos verdes maus, a grenha  negra,  vi-o. 
As suas níveas mãos, nervosas, tinham frio 
Nas teclas de marfim e de ébano do piano. 

A boca - flor de sangue - em claros  risos  francos 
Mostra-me, alegre, os seus trinta e dois dentes brancos. 
O amor - interjeição - duas silabas métricas. 

Uma por uma eu vi todas as suas baldas. 
Seus verdes olhos maus são duas esmeraldas 
Sob o esplendor lunar das lâmpadas elétricas.

 
 
 Remetente: João Augusto Pinto 
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