Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Hélio Pólvora


 

A Poesia está no ar


A Tarde, Salvador, Bahia, Brasil

22.06.96

 

Um projeto cultural de envergadura, que a Universidade brasileira ainda não empreendeu, foi elaborado e está em execução por um escritor idealista, o poeta Francisco José Soares Feitosa, cearense radicado em Salvador. É o Jornal de Poesia, que faz parte dos Clientes da e-Net, na seção de Jornais Pessoais, e pode ser acessado também pelo Yahoo, Altavista, Cadê e Yaih, que são os catálogos de busca na Internet.

Ambicioso, o Jornal pretende reunir textos e informações de mil poetas brasileiros e estrangeiros, antigos e atuais, além de artigos, depoimentos e textos de crítica literária. Já estão no ar poemas de Camões, Castro Alves, César Coelho, Juarez Leitão e Florisvaldo Mattos. Em espanhol, francês e alemão, o interessado encontrará Edgar Poe (poesia e prosa), Shakespeare (idem), Lorca, Hölderlin, Pound, Rimbaud, Rilke, Elliot, Emily Dickinson, Yeats, Borges, Neruda e Whitman, por enquanto.

"Isso já não é um sítio (site, em linguagem da Internet). É um latifúndio", comentou um dos freqüentadores/leitores do Jornal. Além de poetas (e eventualmente prosadores, entre os quais os críticos Wilson Martins, Hélio Pólvora e Aramis Ribeiro Costa, já incluídos), a home page de Soares Feitosa oferece aosnavegadores seguras ancoragens em jornais como a Folha, Jornal da Tarde, Estado de S. Paulo, Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste.

Com iniciativas desse porte, os escritores brasileiros inauguram uma nova era de leituras e divulgação, para compensar o espaço reduzido de que dispõem nos jornais impressos e vencer obstáculos editoriais. Às reduzidas tiragens de livros correspondem, nas edições eletrônicas, milhares de usuários. No caso do Jornal de Poesia, vale assinalar que o projeto partiu da Bahia, e num momento em que a vida e a produção intelectual aqui se revitalizam.

A WWW (World Wide Web) parece assegurar aos navegadores literários, autores e leitores, um acesso nem sempre possível por meio do livro. Algumas desvantagens do livro, que circula mal no Brasil, privilegia escritores de duvidosa importância e exige espaço para um acervo crescente, desaparecem, como que por encanto, quando o micreiro entra na Rede. Ele pode copiar textos e figuras, para deixá-los no vídeo, ou preservá-los em disquetes para futuras audiências e consultas.

Outro aspecto importante a ressaltar no Jornal de Poesia é o preço cobrado em moeda alta, como diz o seu Manifesto — a moeda do intercâmbio, da amizade, sem mais nada. Age-se por necessidade de comunicação e por impulso pedagógico. Com o seu caráter multidisciplinar em Letras, o Jornal oferece a matéria viva, promove o debate através da correspondência eletrônica e reabilita valores culturais postergados, como sejam a literatura de cordel e o haicai. Jornal de Poesia estava já no número 6, no final da semana anterior.

Entusiasmado com o projeto, em crescimento diário, o poeta Soares Feitosa promete novos desdobramentos. Para isso, conta com dois auxiliares e a colaboração de amigos escritores que, como ele, se conjugam em vários tempos e modos, no esforço de fazer cultura, transmitir cultura e dar sentido à Vida. Nem tudo está perdido: ainda temos idealistas e trabalhadores (Hélio Pólvora) .

 

Soares Feitosa, 2003

Leia obra de Soares Feitosa