Paulo F. Cunha


Elogio às putas de meu Recife

Que seria desta cidade sem suas putas? Doces, dolentes,carinhosas putas da juventude Quando só com elas tudo era permitido Quando só haviam missas, aniversários e -moças- de- família, nem sempre família? Que seria de nós, imberbes ansiosos que, destinados à Zona dela receàvamos e nela tudo aprendíamos? Putas, extensão universitária dos jovens do meu tempo, aprendendo com elas a difícil ciência das mulheres. Das boas mulheres que, na cama, aspiravam aperfeiçoamentos putológicos para defender os maridos das putas verdadeiras Que seria de nós, jovens do Recife sem a geografia das escadas urinadas e o chamamento das "professoras" dos balcões dos velhos sobrados carcomidos, ( tão Recife eles eram ) Romances com putas não existem? Existem sim nos dengos sem compromisso e nas histórias que elas contavam de como tinham caído "na vida" e que nós gostávamos tanto de ouvir, embora fosse sempre a mesma história. Putas do Recife: eu, reconhecido, agradeço pois, se não fossem vocês, a humanidade de vocês, eu não deixaria de ser homem, é certo mas quanta coisa eu deixaria de saber?


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *