Papiniano Carlos


Bom Dia, Afonso Duarte

Nas ruas exaustas de morte e silêncio, entre rios mortos e áspera solidão, passeio contigo, Afonso Duarte. Sob teu rosto grave, teus nevados cabelos, seara cansada de tantas espigas, couves e rosas, Afonso Duarte. Um galo canta longínquo, ou é tua voz a seiva do chão, oculta e milenária, a cantar ainda, Afonso Duarte? Em teu jardim de angústia (ao longe o mar) colho no ramo quebrado nossa ave imperecível e a dor da Pátria, Afonso Duarte. E vendo-te, raiz e flor, a meio do teu povo, (eu mesmo cavo e sou quem poda a vida) só te digo: Bom-dia, Afonso Duarte.


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