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Osmard Andrade Faria
Rua Luís Pasteur, 100 
88036-100 - Florianópolis, SC 
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Índice dos poemas desta página
Junte alguns raios de sol de qualquer madrugada
É fácil de entender
Quero que saibam todos quantos esta um dia virem
A Igreja que condenou
Olho-me bem nos olhos ao espelho
É simples meu legado
Estive doente, doente de tudo
O caminho que vai daquilo que nós sabemos que não somos 
 


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XXV
 

Junte alguns raios do sol de qualquer madrugada
a umas gotas do orvalho da manhã;
as espumas do oceano beijando a areia da praia,
o riso de uma criança, o cantar de uma cascata,
o pairar de um beija-flor, o abrir de um botão de rosa,
o David de Buonarroti ou a Nona de Beethoven,
a imagem da Mona Lisa, um vocalise da Callas, 
um ventre de mãe crescendo, uns peitos vertendo  leite,
a chuva regando o solo, uma palmeira subindo,
as cordas de um violão vibrando na serenata
e até o fechar de uns olhos no crepúsculo da  vida...
Me diga se não é fácil escrevermos um poema!
 

 

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XXVI
 
Para HERNANI GUIMARÃES ANDRADE
(que, de coisas singulares,
entende mais que todos nós)


É fácil de entender:
No princípio houve o Verbo; do Verbo fez-se a Luz.

Veio também do princípio, a Singularidade,
um ponto infinitesimal; força e massa infinitas,
que num simples trilhonésimo de segundo
explode e dá origem ao Universo de hoje.

Reconheço que é fácil de entender.
Só preciso de alguém que me esclareça
onde, antes disso, estavam disponíveis
A Singularidade e o Verbo.


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XXVII
 

Quero que saibam todos quantos esta um dia virem
que me declaro herdeiro universal
das mais belas emoções da vida.
Quero que seja meu o susto da adolescente
ao descobrir nascendo sob a blusa,  o botão dos seus seios;
quero todos os sonhos e esperanças
de todos os pedidos de todas as crianças
a Papai Noel;
quero o tremor do primeiro beijo
e a explosão do primeiro orgasmo a dois, de cada um;
quero também como meu, o choro de toda mãe
que ouve o primeiro choro do seu primeiro filho.
E para que todos respeitem meus direitos,
vai esta declaração por mim datada
e assinada; dela dou fé.


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XXXI
 

A Igreja que condenou
Copérnico e Galileu
estava errada.
A Terra girava mesmo à volta do Sol.
Mas os dois pretendiam que este
fosse o centro do Universo.
Decididamente,
ninguém é perfeito.


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XXXVI
 

Olho-me bem nos olhos ao espelho,
e estremeço;
mal consigo sustentar o olhar
por muito tempo.
O pergaminho das rugas, a pele descorada,
este ar de cansaço.
Quem se esconde, afinal, por trás da imagem
que me encara?


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XXXVIIg
 
 

É simples meu legado:
muito mais aprendi cada vez que ensinei.
O que fui, esqueci; só lembro do que fiz.
Perdi tudo que tive, só ganhei o que dei,
e nas vezes que amei, foi que me fiz amado.

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LVI
 

“Estive doente, doente de tudo;
dos olhos, da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram mulheres perfeitas,
da boca que disse poemas de brasa,
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente, doente de tudo;
estou em repouso, não posso escrever.
Eu quero um punhado de estrelas maduras,
eu quero a doçura do verbo VIVER!” (*)

Foi ontem que vim?
Os dias não contam, são todos iguais.
É a mesma mesmice que vem e que vai.
Se a porta se abre meus olhos se lançam
nas frestas  de sombra em busca do Sol.
E bebem paisagens com sofreguidão.

Se ao menos soubesse onde estou. E porque...

Há homens de branco que passam discretos.
Há moças caladas, fechadas em cruz.
Há longas paredes.
Há portas cerradas e grades pintadas de preto na luz.
Não sei se estou morto.
Nem sei na verdade se ao menos vivi.,
Há gente que passa e repassa e não pára,
e passos que param sem nunca passar.
Foi ontem que vim?
Se todos morreram, que culpa me cabe?
Porque me condenam se tudo morreu?
Matei-os a todos?
Bem sabem que não!
Apenas cansei-me das minhas angústias, do meu desconsolo,
 do meu desespero, dos meus ais-de-mim.

Foi ontem que vim?

Se lembra de Stela?

Que linda que era! Que boa que era! Que pura que era!
Que olhos que tinha!
Seus olhos falavam, pediam, choravam,
sorriam, gritavam, gemiam, rezavam.
Seus olhos sofriam, cantavam, morriam;
seus olhos me amavam!
Os olhos de Stela eram tudo que Stel´inda era na  vida.

Se lembra de Stela?

De Stela menina?

Stela criança, brincando no parque,
correndo na areia, pulando no muro, 
dançando na grama, saltando na ponte,
pezinhos pequenos correndo, bem ágeis,
subindo, descendo, dançando, correndo, 
correndo, correndo...
Stela criança brincando no parque, correndo na areia,
seus seios brotando!
E a pernas vibrando, fremindo, saltando,
jogando, correndo, nadando, vivendo!

As pernas de Stela, que vida que tinham!
E agora, onde estão?
E eu mesmo, onde estou?

Foi ontem que vim?

Se lembra de Stela?

De Stela crescida?
Stela correndo nas praças de esporte,
saltando na lide, vencendo barreiras, galgando montanhas;
as pernas de Stela que o povo aplaudia,
que a imprensa exibia, que a vida endeusava,
que a gente invejava, que o mundo cantava!
As pernas de Stela! 

As pernas de Stela, que  lindas que eram,
que vida que tinham!

As pernas de Stela valsando na festa dos seus quinze anos;
as pernas de Stela marcando o compasso do samba dolente;
as pernas de Stela vibrando na graça do ritmo quente;
as pernas de Stela na ponta dos dedos, girando e saltando,
e dançando e cantando, e marcando o balanço 
do ardente balé!

As pernas de Stela descendo do carro
na porta da igreja,
subindo os degraus, andando bem lentas
na marcha do amor,
trazendo o seu beijo aos meus lábios de amante.

Se lembra de Stela?

Do corpo de Stela?

Que foi que fizeram das pernas de Stela?

E agora, onde estou ?

Foi ontem que vim?

Quem são esses homens que passam de branco,
discretos, sombrios, calados, ouvindo?
E as portas cerradas,
e as grades pintadas de preto na luz?
Porque essa gente que passa e repassa
não pára e me diz se foi ontem que vim?

Se lembra de Stela?

Dos olhos de Stela?

Seus olhos falavam, choravam, gritavam, rezavam,
me amavam!
Seus olhos pediam, sorriam, gemiam,  morriam,
Viviam!
Os olhos de Stela eram tudo que Stel´inda era na vida!

E os braços de Stela?

Seus braços meninos, fininhos, rosados,
brincando agitados nos montes de areia,
ninando bonecas, vibrando adeusinhos,
chorando sorvetes, bulindo nas coisas,
mãosinhas nervosas quebrando, rasgando,
treinando letrinhas, riscando paredes,
lambidas de balas, lavadas de terra,
juntinhas rezando na hora do sono!

Os braços de Stela,
crescidos agora.

Seus dedos correndo na angústia do som,
vibrando bordões, dançando nas cordas de mil violões,
batendo nas teclas as letras das cartas,
riscando agitadas, pintando aquarelas,
borrando de cores as telas da vida!

De músculos fortes, embora gracis,
levando no salto a leveza da bola,
pulando nas redes, cortando no soco,
lançando a raquete, nadando nas raias
em busca de marcas;
flechando nos alvos, puxando nas rédeas,
seus braços nervosos que nunca dormiam!
Seus braços na praça, na hora vadia,
trançados nos meus a vibrar de emoção.
Seus braços macios, envoltos de branco,
à espera, agitados, dos sonhos a dois.

Seus braços cansados, jogados de lado,
depois dos sublimes folguedos do amor!

Se lembra de Stela?

Se lembra do dia?

Saiu nos jornais!

Stela subindo nas grimpas do monte,
galgando os penedos, tirantes retesos,
os outros seguindo,
seus braços e pernas firmando, escalando,
guindados nas rochas, os cravos fincados,
os grampos cravados, mais cordas firmadas, 
mais passos acima.
Stela subindo, vencendo as arestas, já quase chegando
nas beiras do cume.

Se lembra do dia?

E então, de repente, um cravo que quebra,
um cabo que solta,
um grito de angústia,
um corpo que cai!

Saiu nos jornais!
Que dia foi esse?
Tem meses? Tem anos? Será que foi ontem?
Foi ontem que vim?

O resto da história, não deu nos jornais.
Stela na cama, jogada, largada, parada, sem vida.
As pernas de Stela, brincando no parque,
 correndo na areia,
pulando no muro, dançando na grama,
saltando na ponte,
as pernas de Stela não brincam, não pulam,
não dançam, não saltam jamais!

As pernas de Stela que o povo aplaudia,
que a imprensa exibia, que a vida endeusava,
que a gente invejava, que o mundo cantava,
as pernas de Stela não andam jamais.
Não andam, não giram, não dançam, não valsam,
não vibram jamais!

Só os olhos de Stela me falam, me pedem, me imploram!
Só os olhos  de Stela eram tudo que Stel´inda era na vida!

E os braços de Stela?

Seus braços meninos, ninando bonecas, 
vibrando adeusinhos, bulindo nas coisas,
quebrando, rasgando, riscando paredes,
não ninam, não vibram, não bolem, não quebram,
não rasgam jamais!
Não levam no salto, não cortam no soco,
Não nadam nas raias, não flecham nos alvos,
seus braços nervosos que nunca dormiam, não vivem jamais!

Stela na cama, nas horas iguais,
na mesma mesmice que vem e que vai,
não anda, não vibra, não fala, não  vive jamais.

Somente seus olhos, me olhando, me olhando...

Somente seus olhos gemendo, chorando,
 implorando, pedindo...

Que culpa me cabe se fiz por amor?

E os homens de branco que passam discretos,
Por que me condenam?
E as moças caladas, fechadas em cruz, 
Por que me lamentam?

Nas largas paredes há portas cerradas
e grades pintadas de preto na luz.
Não sei se estou morto,
Nem sei na verdade se ao menos vivi.
E a gente que passa e repassa e não pára,
já sabe que fiz o que fiz por amor?

Se lembra de Stela ?
Ela agora é feliz!
Foi por isso que vim?
Foi ontem que vim?(**)

“Estive doente, doente de tudo;
dos olhos, da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram mulheres perfeitas;
da boca que disse poemas de brasa; 
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente, doente de tudo,
estou em repouso, não posso escrever. 
Eu quero um punhado de Stelas maduras,
eu quero a doçura do verbo MORRER!” (***)

(*) Poema escrito por um paciente da Dra. Nise da Silveira, internado no Hospital Psiquiátrico D. Pedro II, Rio de Janeiro, aproximadamente em 1942 e do qual muitos escritores, (internados do lado de fora) tentaram assumir a autoria.

(**) Este poema foi publicado na antologia “Assim Escrevem os Catarinenses”, da Editora Alpha-Omega, S. Paulo, no livro “A Batalha de Araranguá” editado pela Associação Catarinense de Medicina e, parcialmente, em prosa corrida, no livro “Eutanásia” da editora da Universidade  Federal de Santa Catarina.

(***) Adaptação não autorizada feita pelo Autor.

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XXXIII
 
 
 

O caminho que vai daquilo que nós sabemos que não somos
até àquilo que todos pensam que são,
Passa pelo grau de loucura de cada um.

 



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