Otacílio de Azevedo
Morria o Sol no Ocaso
					Morria o sol no ocaso e o olhar de minha amada
					qual rubro sol distante, a rutilar, morria...
					Gemia o seu soluço errando pela estrada
					e errando pela estrada eu, mísero, gemia!
					Perdia o sol tombando, a clara luz doirada
					e o vulto dela, ao longe, aos poucos, se perdia.
					Fugia o meu olhar no curso da jornada
					e o seu magoado olhar tristíssimo fugia...
					O sol tombou no poente em nuvens de oiro e arminha, 
					e Cleonice, chorando, à curva do meu caminho, 
					entre as sombras da noite, exânime tombou...
					Entanto, o mesmo sol que desmaiara outrora, 
					vem todas as manhãs ao despontar da aurora, 
					só ela, nunca mais, oh! nunca mais voltou!
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