Newton Soares

Eva
                  
 
Eva viu um endereço
Dentro de minha carteira,
É um retrato de mulher,
Que encontrei lá na feira.

Eva veio me dizer,
Que queria me deixar;
Então peguei na viola,
E comecei a cantar:

Minha Eva, vê se evita,
Evadir-se do meu lar;
Uva verde não dá vinho,
Adivinho o meu penar...

Se faltar o teu carinho,
Vai chover no meu olhar,
Minha Eva é vento, é bela,
É veleiro do meu mar.

A minha vida sem Eva,
É nunca, é nada, é ninguém;
É leva que o vento leva,
Prá muito, prá lá de além.

Assim como o peixe vivo,
Não vive sem água fria,
Eva, a vida é vazia,
“Sem a tua companhia’.

Minha Eva, vê se evita,
Evadir-se do meu lar;
Uva verde não dá vinho,
Adivinho o meu penar...

Se faltar o teu carinho,
Vai chover no meu olhar;
Minha Eva é vento, é vela,
É veleiro do meu mar

E Eva veio como ave,
Muito ávida de amor,
Atirou-se nos meus braços,
E, num abraço me falou:

Tua Eva é toda tua,
E está cheia de perdão,
Só te pede que lhe cantes,
Outra vez esta canção.

Minha Eva, vê se evita,
Evadir-se do meu lar;
Uva verde não dá vinho,
Adivinho o meu penar...

Se faltar o teu carinho,
Vai chover no meu olhar;
Minha Eva é vento, é vela,
É veleiro do meu mar... 

 
                                                                          
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de Março de 1998