Nascimento Moraes Filho


Homem

homem, a vida é como a vênus de milo; — faltam-lhe os braços! aperfeiçoa-a! plasma no sonho a sua perfeição: — o sonho é o mármore de páros!... talvez entre as ruínas do teu eu estejam escondidos os seus braços olha! um rastro de auroras mortas marca o caminho da tua crença... empunha a flama da fé e desce aos subterrâneos da existência, como os primitivos cristãos, às galerias esquecidas das catacumbas! e, de volta, com teus olhos pregados no infinito, rompe a mortalha de crepúsculo que te envolve, e marcha! na tua marcha ascendente, esmaga com teus pés de titã o incognoscível e faze-o explodir aos teus passos numa erupção de novas auroras!... então, empolgando os mundos e os astros coruscantes, bradarás: — levanta-te — ó sol sem poente! e uma luz de arrebóis brilhará para sempre!... ...................................................................................... síncope da luz! angústia do verde nas esperanças! há um sino dobrando em cada coração e uma cruz de esqueleto de ilusões abre seus braços sobre cada pensamento — é a hora do crepúsculo do amor — a hora do crepúsculo do sonho!


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