Canto às donzelas do Mar  
       
      Nertan Macedo 
       
       
      Eu quero o Amor das donzelas,
      Transfiguradas no mar.
      Eu quero o Amor das donzelas,
      De pálidas faces, puras,
      De olhos negros, quietos,
      Que viajam pelo mar.

      Eu quero o Amor das Donzelas,
      Que viajam pelo mar.
      Sonhando nos tombadilhos,
      Depois do recolhimento,
      Suspirando por piratas
      Que nunca mais surgirão
      Navegando pelo mar.

      Eu quero todo o Amor,
      Toda poesia do mar,
      O som e luz dos cabelos,
      De louras, virgens donzelas,
      Que viajam pelo mar.

      Eu quero os mornos desejos,
      Dessas moças que viajam,
      Refletidos no azul
      Dos seus transparentes,
      A perfeição dos seus corpos,
      A macieza das carnes.
      Eu quero o vento da noite,
      Soprando nos seus cabelos,
      Toda poesia do mundo,
      Toda música do mar.

      Eu quero Maria Helena
      E seus seios ofegantes,
      Seus cabelos reluzentes,
      Seu amor de seiva pura,
      Transbordante de desejos,
      Escorrendo como leite,
      Escorrendo para o mar.

      Eu quero Maria Helena,
      Postada no tombadilho,
      As mãos pousadas no rosto,
      Os olhos perdidos n’água,
      Namorando os peixinhos
      E os mistérios do mar.

      Eu quero ver em sua face
      A saudade e nostalgia
      Dos veleiros e dos contos,
      Dos velhos contos do mar

      “Uma visão fugitiva
      Acenando com um lenço,
      Na noite, de um penhasco,
      Debruçado sobre o mar”.

      Eu quero ver dos seus olhos,
      Duas lágrimas brotar,
      Se misturando com as águas,
      Com as águas azuis do mar.

      Eu quero ver os peixinhos,
      Levando pra feiticeira,
      Que habita o reino das águas,
      As duas lágrimas de Helena.

      Eu quero o cofre perdido,
      Cravejado de brilhantes,
      Boiando por sobre as águas,
      Onde o Rei do mar mandou,
      Encerrar as duas pérolas,
      Feitas pela feiticeira,
      Das duas lágrimas roladas
      Dos doces olhos de Helena.

      Eu quero ver os peixinhos,
      Com ciúme e com amor,
      Comboiando esse tesouro,
      Que boia no azul do mar.
       

     
       
 Remetente: Isolda Pedrosa

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