Natércia Freire


Fantasmas

Mesmo que vós me toqueis, ainda assim me não contento. Mesmo que vós me leveis ... Estão muito longe os anéis que há nos cabelos ao vento ... Para nossos bailes de fumo não há saletas reais. Corpos de fio de prumo, olhos de barcos sem rumo e ouvidos nos temporais. Quando a casa dorme e sonha é que os passos vem espreitar. Da torre negra, as cegonhas, sobre a planície que sonha, deitam fantasmas ao mar. Minhas claras companhias! Ainda assim me não contento. Há de haver praias vazias, melancolias bravias como aquelas que eu invento. Tudo que em mim é fracasso já não tem raiz humana. Nas pontas do mesmo laço é que o aço nos irmana. Convosco em pó me desato e a viagem não termina. Parto de mim em retrato no movimento sem ato que o Destino me destina.


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