Maria de Lourdes Cid

Inocência
 
 
Acercou-se de mim, dulcíssima criança!
Negro e sereno o olhar, basto cabelo escuro.
Brilhava-lhe na face, o fulgor da esperança
E na boca entreaberta, um riso franco e puro.

Pousando no meu  ombro as trêmulas mãozinhas
Segredou-me ao ouvido em concentrado ardor:
Quisera compreender também as estrelinhas,
Que riem lá do céu, tão cheias de dulçor.

E eu lhe disse: - criança, e tu sabes então
Que lá do azul, alguém nos fala e nos inspira?
Ela me respondeu, com a voz do coração:
— Aquela estrela fala e minh'alma suspira.

                 
                                                                                             junho de 1929
          
                                                                            
Remetente: Walter Cid

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  19  de  Agosto  de  1998