Maria de Lourdes Cid

Se Eu Fosse Rosa
 
 
Se eu me  transformasse em rosa  purpurina 
E tu viesses colher-me com olhar meigo 
Eu te respondia: Oh ! mão ferina, 
Não venhas perturbar o meu sossego. 

Quando à tarde porém tu insistisses 
Ao  som longínquo das "Ave-Marias" 
Eu te diria — Se tu  ingrata, visses 
Como amo a vida, não me roubarias. 

Mas, ainda assim, me colhes com amor. 
Pobre meu caule, por que o quebraste? 
E eu que triste  fiquei, ao teu calor 
Irei murchando, porque me beijaste. 

Depois, com olhar magoado me fitando 
O teu sorriso se contrai por fim. 
Na minha vida frágil, meditando 
Arrependida chorarás por mim.

 
 
                                                                                            
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  08  de  Junho  de  1998