Miguel Jorge 

Duplicata
            
Dupla dupla intricata
canta o negociante
o banco o banqueiro
como se fora réu
intrigando o sonho
e o que mais se lembra.

Doença nervosa
jogo da noite
vinco de lâminas
números voam.

Dupla dupla intricata
favo de veneno
vertigem que não se esgota
convulsões elásticas
        sobre nós
        sobre as Américas
        sabor de estricninas.

Dupla dupla intricata: Duplicata.
Na linha do Dólar
valores do dia
colheitas de juros
pomares de fomes
que não se calam.

 
 [ Poemas do livro Profugus, Goiânia - 1990. ]

[ ÍNDICE DO POETA ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  04 de dezembro de 1997