Mirella Márcia


Segundo Soneto

Meu amor é um antigo montanhês Que se escondeu na mais estranha gruta. Há quem diga que em tempos de escassez Meu amor se transforma em força bruta. Nestas noites, meu velho se transporta Na garupa da águia mais sombria, Sobrevoando a casa cuja porta Com medo você fecha em correria. Não vê que tão esquivo aldeão, Não sabe que tão incrível eremita Pesquisa em meio à treva um só clarão Que ilumine a caverna onde habita? E no entanto na própria gruta escura Mora o sol, toda a luz que ele procura.


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