Aqui na solidão minh'alma dorme;
 Que letargo profundo!... Se no leito,
 A horas mortas me revolvo em dores,
 Nem ela acorda, nem me alenta o peito.
No matutino albor a nívea garça
 Lá vai tão branca doudejando errante;
 E o vento geme merencório - além
 Como chorosa, abandonada amante.
 E lá se arqueia em ondulação fagueira
 O brando leque do gentil palmar;
 E lá nas ribas pedregosas, ermas,
 De noite - a onda vem de dor chorar.
 Mas, eu não choro, lhe escutando o choro;
 Nem sinto a brisa, que na praia corre:
 Neste marasmo, neste lento sono,
 Não tenho pena; - mas, meu peito morre.
 Que displicência! não desperta um'hora!
 Já não tem sonhos, nem já sofre dor...
 Quem poderia despertá-lo agora?
 Somente um ai que revelasse - amor.  |