Medeiros e Albuquerque
Soneto Decadente
					Morria rubro o sol e mansa, mansamente... 
					sombras baixando em flocos, lentas, pelo espaço... 
					Um morrer pungitivo e calmo de inocente: 
					doces, as ilusões fanadas no regaço.
					Passa um cicio leve e suave... Num traço, 
					ave rápida passa súbita e tremente... 
					A tristeza, que vem, cinge como um baraço 
					a garganta: o soluço estaca ali fremente...
					Lembranças de pesar... Navio que na curva
					do mar, de água pesada e funda e escura e turva, 
					some-se de vagar das ondas ao rumor...
					Ó crepúsculos sós! os exilados sentem
					a angústia sem igual de amantes que pressentem
					o derradeiro adeus do derradeiro amor!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *