Miguel de Couto Guerreiro


Lisboa Emaraçada, no Século Iluminado

I — Como passa o mau por bom Faz do diabo o povo um santo; Ajuda o adulador; Cala o sábio, por temor De se opor a povo tanto… E vai o diabo em andor. II — Século iluminado O Século iluminado Ouço a este chamar. E ninguém pode negar Que está bem adiantado Em mentir e em enganar. III — Dos sabichões do tempo Nenhuma razão alcanço Para andar empanturrada Esta gente iluminada. Dizem que os velhos têm ranço… E eles menos, que têm nada. IV — Da causa de muitos erros Tanto néscio! Tanto insano! Donde vem tal desatino? Tudo nasce de um engano, Que é pelo poder humano Medir o Poder Divino. ( in Antologia de Poetas Alentejanos)


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