Moniz Bandeira


O Poeta de Hoje

O poeta hoje não cantará heróis nem símbolos. À dor dos séculos os mortos despertaram. Incendeiam-se mares, florestas e montanhas, e marcha pela madrugada o exército dos sem rostos. O poeta hoje não cantará heróis nem símbolos. Traz no peito a angústia das máquinas. Travam-lhe a garganta baionetas sem lua. Rompe nas suas mãos um sol feito de sangue e os cavalos da fome puxam o carro da aurora. O poeta hoje não cantará nem símbolos.


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