Murillo Araújo


Canção da Lua que Lava


Canzone Della Luna Lavandaia


tradução: Anton Angelo Chiocchio

Lua, que lavas teus linhos, sempre a lavar numa lixívia de nuvens, branca, branquinha de espuma, e escorres tudo lá no alto para secar; lua que lavas teus linhos pelos valados maninhos, na serra onde vai nevar; oh lua alagando o mundo nesta espuma de cegar! lua que lavas teus linhos e que os enxáguas e os pões em qualquer lugar — nos terraços lageados, nos velhos muros caiados, nos laranjais do pomar ou nos campos orvalhados onde estão a gotejar — lua que lavas teus linhos até nas praias do mar — vem, lua, e lava minha alma! Oh lava minha alma em lágrimas, para que Deus, sol das almas, venha a enxugar.


O luna che fai il bucato, luna, luna lavandaia in una schiuma di nuvole candida come liscivia e stendi i panni là in cima a candeggiare... O luna che fai il bucato pei fòssi incolti, pei monti su cui sta per nevicare... Luna che schizzi sul mondo saponata da accecare... O luna che fai il bucato e lo risciacqui, lo sciorini dappertutto, su terrazzi lastricati, vecchi muri intonacati, aranceti, campi intrisi di rugiada, a gocciolare... O luna che fai il bucato sin sulle spiagge del mare... Luna, lava la mia anima! Vieni, lavala di lagrime, perchè Dio, sole dell'anime, poi la venga ad asciugare.


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