Luiz Moraes


A Morte de Nel

Virgem santa ignorância onde só viram o ABC, De doença estoporada Muitos lá vivem a morrer. Foi mais um fato concreto Pois muitos viram de perto o que aqui vou descrever. Lá pras bandas onde nasci Morava um NEL bom de cana, Uma mulher e três filhos Em uma pobre choupana. Se houvesse todo dia Aguardente ele bebia Como achava isso bacana. Um dia uma simples febre Causando-lhe alguma dor, Falaram logo é mulesta Com o ramo de estopor, Se escapar fica imperfeito Aí só pode dar jeito Se for um bom benzedor. Vá chamar seu Filomeno Pra benzer não tem melhor, Tem também João Cachoeira Que curou a minha vó, Corre depressa menino Se não achar trás Orcino Que o homem já está pior. Um dos mateiro confirma Isso é mulesta do ar, Só cristé de pino roxo Bota água pra mornar Enquanto o remédio apronta Azeite e dez pílula contra Dão logo pra ele tomar. Depois de tudo tomado Ele foi se esmorecendo, Todo comê vinha fora E a barriga crescendo, Deram outra misturada Não demorou a zoada Meu Deus, o NEL tá morrendo! E assim muitos perecem Enganados pela crença, Sob o mal sem lenitivo Onde a cura é uma sentença. De purgante e de cristé Intoxicaram mané Sem acertar com a doença.


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