Luis Germano Graal


Minhalma

Minhalma gentil que se parte Vai Sai de mim Eu ficarei a relembrar-te A reclamar-te A chorar-te Na clara escuridão da funda noite Minhalma fremosa Minhalma doce Minhalma cheia de tudo, vai Mãe natureza chama de volta O que lhe pertence Solta-te de mim Não me pertences Cai na toda escuridão Minha luz, minha lâmpada, meu céu Minha vida que minha mãe me deu Fica a esperar Escondida Em algum colo Morfeu Fica meu corpo aqui Fica meu corpo sem minhalma Fica meu corpo no breu Sem meu espírito Um e uma e outro eram em mim A presença De alguém ausente de mim Fica meu corpo longe Bem longe Minha sina Meu destino Minha cruz Fica meu corpo incendiado no barco Crucifixo Fica o que foi e tinha sido Antes Destes mares de nunca mais Nunca dantes Nunca durantes Nestes, naqueles, noutros mares De nunca jamais Restam nestas águas Destes mares A fumaça O fero fogo A luz Os fantasmas, os ângelos Os arcângelos Que fomos Restam pelo céu Per omnia saecula saeculorum Fumaças tapando a bola Mas o fogo e a luz ardendo aqui Transformam Esta nave Num farol Lúmina, luminosa, lumescente Lúcida Nossa nave ilumina os mares É farol A nossa luz é tanta Ilumina tudo É sol.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *