Jornal de Poesia

Léo Schlafman
 
Sábado, 28 de novembro de 1998 - Jornal de Brasil, Idéias 

    Pessoa foi fascinado 
    pelo ocultismo

    Nota do JP: no final deste artigo Léo comenta:
    FERNANDO PESSOA, ESTRANHO ESTRANGEIRO: UMA BIOGRAFIA
    Robert Bréchon
    Tradução de Maria abreu e Pedro Tamen
    Record, 602 páginas
    R$ 45
     FERNANDO PESSOA - UMA FOTOBIOGRAFIA
    Maria José de Lancastre
    Civilização Brasileira, 320 páginas
    R$ 36

    Goethe, como Fernando Pessoa, foi devoto cultor das ciências mágicas; iniciado numa loja maçônica desde os anos juvenis, pertenceu sucessivamente a várias sociedades secretas de fundamentos ocultistas; conheceu Cagliostro em Estrasburgo; a astrologia e a alquimia por ele cultivadas eram no fim das contas a antecâmara das suas curiosidades científicas. "Não procures, nem creias: tudo é oculto", disse Fernando Pessoa, para ser depois contraditado por Alberto Caeiro que afirmou: "O único sentido oculto das coisas / é elas não terem sentido oculto nenhum." Sua mediunidade o levou às práticas ocultistas, à defesa da Rosa-Cruz e da maçonaria, à astrologia, à numerologia. Um intelectualista do tipo que ele era fez entrar na construção mental o que podia caber: o inteligível e o ininteligível, o racional e o irracional, o visível e o invisível, o claro e o misterioso, constituindo um sistema mágico nas suas conclusões embora desprovido de comprovação objetiva. Tudo se passou como se a subliteratura mística de onde extraía alento, ao atravessar seu cérebro privilegiado, saísse do outro lado filtrada e rarefeita do ponto de vista estético.  

     Fez centenas de horóscopos, talvez milhares, de parentes, de amigos, dos heterônimos, de personalidades históricas (Napoleão, Vítor Hugo, Shakespeare, D. Sebastião, Chopin), por vezes até de entidades como "Portugal" ou a "República". Aliás, todo o grupo modernista português era dado ao sebastianismo delirante, ao gosto pelas ciências ocultas, à metapsíquica, à astrologia e à religiosidade heterodoxa e esotérica. Depois que Sá-Carneiro penou em Paris a crise mental que o levou ao suicídio, Fernando Pessoa escreveu de Lisboa à tia Anica, ela própria mediúnica: "Eu senti a crise aqui, caiu sobre mim uma súbita depressão vinda do exterior." Após o "insulto apoplético" sofrido pela mãe e o suicídio de Sá-Carneiro, amigo a quem era mais ligado, aprofundou a iniciação. Ser médium, para ele, era praticar a "escrita automática", não como os surrealistas, mas à maneira de Vítor Hugo, que escrevia sob ditame do espírito de um morto mais ou menos identificado. João Gaspar Simões não acreditava que o ocultismo de Fernando Pessoa fosse inteiramente sincero. Mas havia alguma coisa inteiramente sincera naquele simulador nato?  

    Fernando Pessoa nunca procurou lutar contra a incompreensão. Pelo contrário, cultivou-a afanosamente, pois mistificar era um jogo em que com honestidade empenhou tudo. Profissão: correspondente comercial de línguas estrangeiras, até o fim. Não se conhece vida de escritor que tenha sido tão falhada, e também nenhuma tão transfigurada pela arte ("Não sou nada. / (...) / Aparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"). Em outro momento, exclamou: "Quando quis tirar a máscara, / Estava pegada à cara." Por intermédio de Álvaro de Campos disse que "temos todos duas vidas: a verdadeira, que é a que sonhamos na infância; e a falsa, que é a que vivemos em convivência com os outros". Perdida a bitola da educação inglesa, adquirida em Durban, África do Sul, onde o padrasto era cônsul, soçobrou na indisciplina lusitana: fado, álcool, tristeza sem causa, apatia, saudosismo, rumo incerto, obsessão de uma "vertigem moral". No Livro do desassossego, Bernardo Soares se definiu por ele, a propósito de Shakespeare: "Sou um temperamento feminino com uma inteligência masculina" (...) Sempre gostei de ser amado, e nunca de amar" (...) "Agradava-se a passividade". Octavio Paz (El desconocido de sí mismo, em Cuadrivio) constatou que na obra poética de Fernando Pessoa a ausência da mulher é constante: "Faltam nele os prazeres tremendos. Falta a paixão, aquele amor que é o desejo de um ser único." Tanto Alberto Caeiro como Ricardo Reis falam como eunucos, como se estivessem encobrindo, na maior parte da obra, a "sexualidade branca" de Fernando Pessoa, que, segundo consenso geral, morreu virgem. As cenas eróticas do Fausto contêm as confissões mais ardentes que Fernando Pessoa jamais fez sobre sua impotência. A incapacidade de praticar o "contato carnal das almas" impedia-o de realizar seu sonho de amor ("Seria doce amar, cingir a mim, / Um corpo de mulher, mas fixo e grave / E feito em tudo transcendentalmente, / O pensamento impede-me...").  

     O caso com Ofélia Queirós ilustra esta incapacidade. Foram noivos durante dois períodos, inconclusivos. O par Fernando-Ofélia era na verdade uma relação a três, que incluía o heterônimo Álvaro de Campos, durante a qual Ofélia recebeu uma carta assinada por Álvaro de Campos, contrário ao namoro, dizendo que gostaria de "deitar a fisionomia abjeta desse Fernando Pessoa de cabeça para baixo num balde cheio de água". O trágico para Ofélia - que só se casou depois da morte de Fernando Pessoa (segundo Ángel Crespo) ou nunca se casou (segundo Robert Bréchon) e que morreu em novembro de 1991 cercada pela família (de acordo com o necrológio feito por Antonio Tabucchi no Corriere della Sera, cortando assim o nó da questão) - foi ter tido de lidar com personalidade dupla. Numa das cartas a Ofélia, redigida com sensibilidade heteronímica, escreveu: "Eu gostava que a Bébé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despia-a." Em outra, sonha com dar-lhe açoites, e que ela lhe batia também.  

    O álcool veio a ser o elixir mágico a que recorreu até os últimos dias para se libertar de tudo aquilo que no fundo da sua personalidade apodrecia. Álvaro de Campos não queria saber da qualidade do que bebia; falou de "um vinho de bêbedo quando nem a náusea obsta".  

     Restou-lhe o homossexualismo subentendido, característico do grupo modernista português (Sá-Carneiro, Santa Rita Pintor, Almada Negreiros e os outros). A guerra de 1914 se manifestou neles como a crise que engolfou a Europa e o mundo. Não é apenas no campo de batalha que se travam as guerras, sobretudo as guerras modernas, mas em toda a parte: consciências, estrutura social, conceitos de vida, condições econômicas. Nas personalidades daquele grupo a opinião pública via claros sinais de degenerescência, mas hoje é fácil constatar que as suas atitudes correspondiam ao sentimento geral e então latente de crise. Fernando Pessoa representava o lado consciente do modernismo; Sá-Carneiro, o inconsciente. No Orpheu, Pessoa e Sá-Carneiro, como logo em seguida Pessoa sozinho, ficaram isolados mesmo daqueles poucos que o reconheciam como grande escritor. Mas um grande escritor contra a literatura não é apenas o "grande escritor": é aquele que põe em questão os fundamentos da literatura, infinitamente só no silêncio da sua diferença (Alberto Caeiro: "Ser poeta não é uma ambição minha. / É a minha maneira de estar sozinho").  

     Adolfo Casais Monteiro disse que a obra de Fernando Pessoa testemunha uma intemporalidade quase absoluta, não havendo nela nem passado nem futuro, mas apenas um eterno-atual que é o verdadeiro tempo em que devem de fato viver os grandes imaginativos, rêveurs éveillés. A qualquer momento de sua poesia é impossível situá-lo como um antes ou um depois em relação a qualquer das partes. A vida de Pessoa é na verdade a vida ideal do poeta. Ele era, como homem, a imagem da imobilidade. Ninguém quis ser menos aparente ("Fui como ervas, e não me arrancaram"). A Fotobiografia mostra-o, ao contrário de Almada Negreiros (em roupa de aviador) ou Santa Rita Pintor (disfarçado de Arlequim), com aspecto sempre banal, anônimo, modesto. O modernismo português não teve nele a imagem-símbolo que marca identidade grupal: o bigode e o chapéu-coco de Marinetti (futurismo italiano), a cabeça raspada de Maiacovski (futurismo russo), o monóculo de Tristan Tzara (dadaísmo), a cabeça enfaixada de Apollinaire (avant-garde francesa) ou o perfil aristocrático, altaneiro, de André Breton (surrealismo). O chapéu, a gabardine, a gravata-borboleta, os óculos de Fernando Pessoa são atributos da banalidade, de funcionário de escritório.  

     Como a poesia de Baudelaire, a dele não descreve, não conta, não impõe, não pinta, não tenta convencer. Pensava em inglês, e a isso se deve talvez uma coisa profundamente característica: a economia extraordinária da palavra e o uso marcadamente racional dela. Jorge de Sena crê que por toda a vida ele pensou em inglês o que escreveu em português. A descoberta da hierática, majestosa e metafórica palavra de Vieira, à maneira das línguas orientais, foi para ele a chave de um dos mistérios que sua personalidade de adolescente guardava intacto: a inadaptação ao presente, a saudade. Assim veio-lhe naturalmente a idéia de aceitar teosofia e gnosticismo, magia e ocultismo como religião messiânica por excelência. É nos períodos de decadência do espírito religioso que a magia arcaica reconquista adeptos e prestígio.  

     Mas ele mesmo se situou geograficamente em tudo isto: "Minha pátria é a língua portuguesa." E o escritor, comentou Bernardo Soares, em dia de Fernando Pessoa, "é um derrotado que organiza os próprios malogros para deles obter uma espécie de amarga vitória"...  

     (Léo Schlafman)

Entre a solidão e a multidão 

Livro sobre o poeta português, que escreveu 
sob 72 heterônimos, reconstitui a personalidade
de um homem obcecado pela simulação 

BIOGRAFIA

FERNANDO PESSOA, ESTRANHO ESTRANGEIRO: UMA BIOGRAFIA
Robert Bréchon
Tradução de Maria abreu e Pedro Tamen
Record, 602 páginas
R$ 45

 FERNANDO PESSOA - UMA FOTOBIOGRAFIA
Maria José de Lancastre
Civilização Brasileira, 320 páginas
R$ 36

 LÉO SCHLAFMAN
 Mais de meio século depois de sua morte, Fernando Pessoa confirma a previsão do Livro do desassossego, de que o poeta, a exemplo de Cesário Verde, só consegue ser poeta depois de morto. Ou melhor, ele pertence à espécie de artista cujo destino é "começar depois da morte". Em vida, Fernando Pessoa falhou tudo: carreira, amores, relações sociais, obra. Pelo critério habitual, era um frustrado ("Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, / Não há nada mais simples. / Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. / Entre uma e outra coisa todos os dias são meus"). 

De "entre uma e outra coisa" se ocupa mais uma vez o francês Robert Bréchon com Estranho estrangeiro, que vem se somar a duas biografias anteriores igualmente contendo matéria organizada com começo, meio e fim, a clássica - e mais poderosa de todas - de João Gaspar Simões, Vida e obra de Fernando Pessoa, e a de Ángel Crespo, A vida plural de Fernando Pessoa, a que se junta a singular Fotobiografia organizada por Maria José de Lancastre. Destacam-se da floresta de ensaios e teses que nunca deixaram de acompanhar a vida póstuma de Fernando Pessoa e de seus 72 heterônimos - pinçados um a um entre a papelada que brotava da mítica arca onde entesourava originais, e de outros lugares, num espólio de 30 mil documentos, dos quais um quarto ainda não foi publicado. Os inéditos não cessam de aparecer, isto é, Pessoa e seu exército brancaleone de heterônimos ainda continuam a escrever.

 Deste universo einsteniano em contínua expansão hoje não resta dúvida que Fernando Pessoa sempre foi o extraordinário gestor da própria multiplicidade. Não tinha, como muitos escritores, obra de antemão determinada. Ia se escrevendo, por assim dizer, ao longo da vida, porque é assim que funcionava sua respiração essencial. Manteve até o fim a qualidade de "indisciplinador de almas", conforme se definiu, mediante processo de paródia sistemática que não permitia aos outros saber, nem mesmo quando se propunha a falar inteiramente a sério, se falava, de fato, inteiramente a sério. A boutade, o paradoxo, a mistificação, o gosto de épater, a blague estiveram presentes, desde o primeiro dia, à mesa do café em que se sentava com os amigos, "os do Orpheu" e outros, na Brasileira do Chiado, na Brasileira do Rossio, no Martinho, na Jansen, no Montanha. Mistificação, paradoxo e insinceridade, por influência de Allan Poe, regeram assim os destinos da literatura e da arte moderna. 

Num artigo da Águia, Fernando Pessoa disse que "uma afirmação é tanto mais verdadeira quanto maior contradição envolver". Há uma data precisa, aos 24 anos, quando Fernando Pessoa se tornou hegeliano, ao perceber que a essência do universo é a contradição. Assim se proclamou, naquele sentido de Augusto Messer (De Kant a Hegel), de que, na filosofia hegeliana, "o que é racional é real e o que é real é racional". Se o mundo não pode ser explicado por teologia, como também não pode ser explicado pela hegemonia do espírito como queria Hegel, é que só pode ser explicado por ele próprio. O espírito analítico de Fernando Pessoa reduzia conceitos a paradoxos que eram outros tantos becos sem saída pelo excesso de dar às palavras valor absoluto que não têm.

 Desde o homem profundamente interessado em problemas de astrologia e ocultismo até o cantor whitmaniano da Ode marítima, toda a obra - fragmentária - de Fernando Pessoa é uma busca da realidade além das formas passageiras da aparência. Como disse João Gaspar Simões, os heterônimos, sendo mistificações, representam na sua ética literária e na sua metafísica, uma das mais sérias manifestações de sinceridade de que foi capaz em vida. Por não saber harmonizar a sinceridade exigida pela poesia com a insinceridade implicada no viver é que lançou mão do expediente insincero dos heterônimos. ("O que eu sou hoje é terem vendido a casa, / É terem morrido todos, / É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio".)

 Os heterônimos, espécie de personagens dotados de complexo de superioridade, tiveram criação precedida por longa experiência de desdobramento psíquico com profundas raízes na sua personalidade. Aos seis anos, um antecessor dos heterônimos, Chevalier de Pas, ditava cartas para ele mesmo, mediunicamente talvez, como a demonstrar desde logo que a origem mental dos heterônimos está na "tendência orgânica e constante à despersonalização e à simulação", e no espiritismo. Esboçava-se o grande teatro introspectivo do qual ele era o dramaturgo, diretor e único espectador. 

Esta dramatização queria fazer crer que a troupe, e sobretudo os três astros, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, brotaram, em perfeita unidade de tempo e de lugar, de seu espírito e entraram em conflito direto com o criador (o ortônimo) Fernando Pessoa. A obra de Alexander Search, ainda por estudar, o 30° heterônimo, entre os 72, segundo a relação cronológica elaborada por Teresa Rita Lopes, da qual Alberto Caeiro é o 52°, é o elo que faltava na evolução que leva do poeta clássico e romântico ao modernista, da busca ansiosa do ego à despersonalização sistemática, da fé cristã perdida ao paganismo. Search vivia obcecado pelo medo de enlouquecer, ou pela sensação de já ser louco. Diferentemente de Charles Robert Anon, o 27°, louco furioso, Search é um deprimido calmo. Pessoa, aos 20 anos, escreveu em seu diário, em inglês: "Uma de minhas complicações mentais é o medo da loucura, que em si próprio já é loucura." O que o livrou da loucura, constata Robert Bréchon, era o gosto do jogo. O jogo era para ele a escrita.

 A exuberância de heterônimos aumentou-lhe a capacidade criadora, permitindo exprimir cada vez mais profundamente a diferença que carregava consigo. Alfredo Margarido afirmou que o elemento chave da modernidade de Fernando Pessoa reside na combinação entre heterônimos e escrita - capacidade de aceitar a multidão que em potencial cada um carrega. Como dramaturgo metafísico, no sentido originário do termo, insuflou vida aos heterônimos e à multiplicidade dos olhares que ele próprio não queria lançar ao redor ("deposito minha alma fora de mim"). No Ultimatum, assinado por Álvaro de Campos, escreveu: "Só tem direito ou o dever de exprimir o que sente, em arte, o indivíduo que sente por vários." O criador, como já se sabia entre Charcot e Freud, não podia pretender à unidade...

 O processo corresponde a uma genial mistificação. Os heterônimos acabam sendo profundamente dramáticos, encarnações, ou máscaras de que o poeta se vale para representar papel compósito - esconder-se para se revelar, e se revelar para despistar. Nunca, na poesia, Fernando Pessoa falou da própria vida senão mentindo ("O poeta é um fingidor, / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente"). Persuadido de que "fingir é conhecer-se" criou a galeria de máscaras dentro das quais se propôs o que Goethe se propusera um século antes: comparecer no cenáculo dos criadores consciente de que são capazes de criar tendo em vista a profundidade daquilo que criam. 

João Gaspar Simões, partidário da explicação psicológica e biográfica da origem dos heterônimos, considera a heteronímia "expediente enganador", a que o poeta recorreu para ultrapassar a dificuldade de ser. Eduardo Lourenço acha que "não é o homem Pessoa que é múltiplo ou plural, e sim sua inspiração, seu estilo, sua prosódia". Os heterônimos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, não criaram os poemas; os poemas é que suscitaram os autores fictícios. Já Bernardo Soares, autor do Livro do desassossego, de prosa, não é um verdadeiro heterônimo. Mais parecido talvez a Fernando Pessoa, é o homem sem qualidades a quem a vida limou as asperezas ou apagou os contornos. Não tem máscara, nem rosto. Não é um outro Fernando Pessoa, mas também não é Fernando Pessoa. É o nada que ele descobria em si mesmo quando parava de fingir. O Livro do desassossego é a crônica do pequeno mundo do escritório da Rua dos Douradores, na Baixa, com o patrão Vasques, o contabilista Moreira (de que Bernardo Soares é auxiliar), o caixa Borges, os outros poucos empregados e o moço de recados. É isso que lhe faz as vezes de lar. Escreve: "Cheguei hoje, de repente, a uma sensação absurda e justa. Reparei, num relâmpago íntimo, que não sou ninguém."

 Léo Schlafman é autor de A verdade e a mentira, ensaios (Civilização Brasileira)

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