Luís Alberto Batista Peres

O Mar
       
 
Quando vi o mar foi espanto mútuo 
Eu tinha 25 anos na primeira vez 
Ele me pareceu grande demais 
Mas diante da minha imaginação 
Ele se sentiu deveras pequeno 
Eu já o conhecia apesar de longe 

Era no meu peito que suas ondas 
Enfurecidas e espumosas batiam 
Eu o sentía na fúria do vento 
E o seu imenso transbordamento 
Era convertido em lágrimas cadentes 
Que corriam pelos meus olhos castanhos 

Eu já estive nas suas solidões 
Sentado nas pedras cheias de limbo 
Nos lugares inacessíveis e medonhos 
Onde apenas os pássaros e os sonhos 
Conseguem alados atingir tristonhos... 

Estive sentado em ilhas distantes 
Compondo aqueles versos retirantes 
E fui num barco cortando a espuma 
Seguindo adiante ancorado na quilha 
Rasgando teu peito para conhecer-te 

E ouví seus brados e seus sussurros 
E o acolhi em meus ombros desamparado 
Quando a incerteza cega do destino 
Te fez fraco e pobre e andarilho 
E fostes buscar abrigo na esperança de um menino...

 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  21  de  Agosto  de  1998