No banho 
 
Dorme a lagoa à calma vespertina. 
Volitam jaçanãs em revoadas. 
Tecem paus-darco, em torno, uma cortina 
No manto verde-escuro das ramadas. 
 
Alguém, dali, em rápidas passadas. 
Logo se achega. E, n’água cristalina, 
Calma, se banha. Em voltas caprichadas, 
Percorre o lago e o colo branco inclina. 
 
Porém, de súbito, um rumor a espanta 
E alvo corpo, a tremer, sai da lagoa. 
Quanta beleza na esbeltude, quanta! 
 
Mas quem seria? Que primor estranho! 
Nada, curioso, uma coisa à toa: 
Era uma garça que tomava banho...