João Marcio Furtado Costa

Joao Marcio Furtado Costa - joao@msainfor.com.br

Num Segundo, O Milênio

(05/93)
Ao fim daquele segundo, nada se resolveu no mundo. Por mais importante que fosse, daquele segundo, o fruto, Seu maior feito, seu intuito, foi de encerrar o minuto. Mas, também, o minuto, nada mudou de concreto, pois, Por mais que fosse certo, por mais tempo que desse ao agora, Nada mais de útil fizera, do que a troca da hora. E a hora foi embora, radiante de alegria, Na dicotomia da noite, terminara mais um dia. Não fora um dia qualquer, aquele 31 de dezembro. Nem maior, nem menor, nem mais claro ou mais escuro. Tampouco foi mais puro. Porém, e sem engano, Ao seu final foi-se o ano, e deu as caras, o futuro. Foi-se o segundo, o minuto. Foi-se a hora e, junto, o ano, E o tempo, que é cigano, resolveu baixar o pano, E encerrar, de vez, o século. Foste o vigésimo e terminaste. Nada em ti foi respeitado. Aquele segundo arrogante, agindo qual meliante, Roubou de ti o legado. Ficou a melancolia. Alvíssaras ao novo século. A vida ficou vazia. Alvíssaras ao vinte e um. De mil passarás e a dois mil não chegarás! Um por todos e todos por um. De dois mil passarás e a três mil, quem saberá? Chegaremos a lugar algum? O tempo avança: Segundo, hora, milênio... O mundo cansa: Urânio, ouro, oxigênio... Elemento ou tempo? Tempo ou elemento? O que mais importa no momento? O que poderá nos salvar?

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