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J. G. de Araújo Jorge

Nesta página:
E o resto é silêncio...
Confissão Inicial
História
A sós...
Primavera
Razões de Amor...


E o resto é silêncio...

E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho...
.
Já não ouso... já não coras...
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas...

Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos...

Estamos um no outro
como se estivéssemos sózinhos...





 

Confissão Inicial

Às vezes, tenho a impressão
de que não devia publicar estas  palavras
nascidas para viverem em surdina
ao teu ouvido.

Às vezes penso que deveria deixar no limbo
do coração
estas palavras de ti e para ti
e que tomaram imprevistamente a forma de canção.

Estas palavras que te colhem toda
e te deixam nua,
e me dão a impressão de que também
tenho nu o coração, em plena rua.





 

História

 I

Eu vinha só...
Tu vinhas só...

Aconteceu 
que o destino,
mestre em dar nós,
meu destino
juntando ao teu
tornou-nos nós...

Veio depois
amor, 
fez o plural:
e tu e eu
e só mais só
deu
afinal nós dois
a sós...

Definição

 II
A sós
para mim
e para ti também,
quer dizer: eu e tu,
quer dizer: nós.
Nós assim,
sem ninguém...

Quando eu e tu
nos encontramos
eu só, tu só,
de repente passamos
a ser nós,
e como sózinhos já não ficamos,
ficamos a sós...

Eu e tu
a sós,
seja lá onde for,
quer dizer: nós
e o nosso amor...





 

A sós...

A sós
como duas gaivotas
na solidão do céu,
em pleno mar,
sonhando no ar...

A sós,
lado a lado, sem alarde,
como dois pássaros num alto ramo,
ao cair da tarde...

A sós
como duas mãos quando se procuram
e se encontram, 
sem voz...

Como eu e tu
quando somos nós

a sós...




Primavera

O teu amor, querida,
fez um dia de primavera
neste começo de outono
que é a minha vida.

E do ramo, de onde as primeiras folhas se soltavam
pálidas, sem cor,
surgiu uma flor imprevista:
o teu amor...

Teu amor chegou assim, como uma coisa que no fundo
se deseja
mas não se espera,
emocionando o coração, neste começo de outono
como um dia de primavera!





 
 

Razões de Amor...

 I

Gosto desse teu ar tristonho,
desse olhar de melancolia,
mesmo nos momentos de prazer e de sonho,
ou nos instantes de amor e de alegria...

Gosto dessa tua expressão de ternura
tão suave e feminina,
desse olhar de ventura
com um brilho úmido a luzir num profundo langor...
Desse teu olhar de meiguice que me cativa e domina,
tu que dás sempre a impressão de quem precisa
de proteção e amor...

Desse teu ar de menina, desse teu ar
que te faz mais mulher
ao meu olhar...

Gosto de tua voz, tranqüila, do tom manso
com que falas, como se acariciasses
até as palavras que dizes;
de tua presença, que é assim como um quieto remanso,
um pedaço de sombra onde me abrigo
quando somos felizes...

Gosto desse teu jeito calmo, sossegado,
com que te encostas em meu peito
e te deixas ficar
entre ternuras e embaraços,
como se tudo ficasse, de repente, parado,
e teu mundo pudesse ser delimitado
pelos meus braços...

Gosto de ti assim, pequenina, macia,
quando te aperto contra mim e te sinto
minha
(inteiramente nua)
e tens um ar abandonado, como quem caminha
sonâmbula, por um estranho caminho
feito de céu e de lua...
 
 
 
 

 II

Gosto de ti
desesperadamente:
dos teus cabelos de tarde
onde mergulho o rosto,
dos teus olhos de remanso
onde me morro e descanso;
dos teus seios de ambrósias,
brancos manjares trementes
com dois vermelhos morangos
para as minhas alegrias;

de teu ventre - uma enseada
- porto sem cais e sem mar -
branca areia à espera da onda
que em vaivém vai se espraiar;
de teu quadris, instrumento
de tantas curvas, convexo,
de tuas coxas que lembram
as brancas asas do sexo;

- do teu corpo só de alvuras
- das infinitas ternuras
de tuas mãos, que são ninhos
de aconchegos e carinhos,
mãos angorás, que parecem
que só de carícias tecem
esses desejos da gente...

Gosto de ti
desesperadamente;

gosto de ti, toda, inteira
nua, nua, bela, bela,
dos teus cabelos de tarde
aos teus pés de Cinderela,
(há dois pássaros inquietos
em teus pequeninos pés)
- gosto de ti, feiticeira,
tal como tu és...



Remetente: Ângela aamn1@merconet.com.br

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Programação visual, 22.01.1999: SF