João Cesário Barbosa 
A Paixão do Vaqueiro
 
Canto a paixão do vaqueiro 
Visto que ninguém reclama 
Os aboios bonitos 
É coisa que ele declama 
Paixão do vaqueiro é gado 
E a garota que ele ama 
O vaqueiro quando aboia 
Sente no seu coração 
As pisadas do gado 
Nas quebradas do sertão 
E sente por seu amor 
No peito a maior paixão 

Sem o vaqueiro aboiar 
O gado não se sente bem 
Vai pra dentro da mata 
E para o curral não vem 
Porque um vaqueiro bom 
Não é todo gado que vem 
O dono alisa o barbatão 
Ele dá um pulo ligeiro 
Como quem diz você quer 
Me trocar por dinheiro 
Aí dá-lhe uma marrada 
E cheira os pés do vaqueiro 
O vaqueiro aboiando 
A vacaria encurralada 
Todo corrente da noite 
Ou às tantas da madrugada 
O gado escuta a voz do mestre 
Com a cabeça levantada 
Com o aboio do vaqueiro 
O gado toma mais jeito 
O vaqueiro vai tomar leite 
A vaca lhe entrega o peito 
Se els falasse diria: 
Pode mamar que eu aceito 
         
O vaqueir toma o leite 
E sai dali aboiando 
Ver a filha do fazendeiro 
Na janela namorando 
Pelo filho do vaqueiro 
Ela está se apaixonando 

A velha diz meu filho 
Viu que namoro danado 
Ele disse Jovelina 
Muito pouco tem pensado 
E com os fuxicos de vocês 
Há tempos estou enterrado 
A velha disse meu filho 
Deixe de ser traiçoeiro 
E casa e vai morar 
Na fazenda Juazeiro 
Américo você se lembre 
Que seu pai era vaqueiro 
Dona Maroca disse 
Você em tudo é culpado 
Que proibiu Terezinha 
De casar com Zé Conrado 
E ela por causa disto 
Começou vendendo o gado 
O fazendeiro não queria 
Sua filha apaixonada 
Por aquele vaqueiro moço 
Ela fugiu de madrugada 
Viraram um gadinho manso 
Dentro da mata fechada 
Quando amanheceu o dia 
Que se acordou o fazendeiro 
Não achou a filha em casa 
Mandou ir atrás do vaqueiro 
Encontrou eles sonhando 
Na mata Jatobazeiro 
O vaqueiro disse meu filho 
Você está quase casado 
Vou reunir a vacaria 
Dentro do mato fechado 
Sigo na frente aboiando 
E vocês atrás batendo o gado 
Quando chegou na fazenda 
Foi com a maior mansidão 
Ao lado de sua nora 
Ele de chapéu na mão 
Encurralou a vacaria 
E foi falar com o patrão 
O vaqueiro disse patrão 
Eu já lhe explico já 
Encontrei eles casando 
Debaixo de um jatobá 
Casamento de vaqueiro 
Só presta no mutumbá 
O patrão disse caboclo 
Agora tudo mudou 
Veio o velho e a velha 
De um a um abraçou 
E pra ficarem bem casados 
Chamar o padre mandou 
Foi feito o casamento 
Na fazenda malhada 
Jovelina casou-se 
Com o seu noivo abraçada 
E a festa casamento 
Foi comida e vaquejada

 

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