José Carlos Capinam


Aprendizagem

(I) Como entre homem e ave sobrevive imagem busquei em mim, e éramos parecidos mas, quando edifiquei, achei-me pois cada espécie está em seu ato. O homem é um ato homem. o pássaro, um ato pássaro. (II) Das coisas mais simples minha textura tornou-se tanto da iniciação a severidade do que sei (o homem faz a bala, a bala mata o homem derruba-se o cavalo, cai o rei). Na premissa de noites custosas aprendi meu rosto, os olhos e mais sentidos, não nascendo a vida em episódios mas em ciclos, em fases, dolorosos ciclos de noite. A vida é consciência de seu exercício e até saber-se mais homem que ave é preciso sensibilidade como peixes e o vínculo da prática à própria imagem. (III) Agora que me sei não pássaro mas homem ato, guardando vínculos sou um gesto particular dos atos do homem geral em geral ofício. Sou assim compreendido de outros. O que eu seria outro ser não fôra, embora juntos na inteireza do todo, diversos de carne, fôssemos a classe; ato classe, homem ato, homem classe. E pela classe minha palavra seria repugnância, coragem de permanecer e dizer, fosse poesia ou pornografia.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *