Poemas dos Dois Exílios
 
Doura o dia. Silente, o vento dura
 
 
Doura o dia. Silente, o vento dura. 
Verde as árvores, mole a terra escura, 
Onde flores, vazia a álea e os bancos. 
No pinal erva cresce nos barrancos. 
Nuvens vagas no pérfido horizonte. 
O moinho longínquo no ermo monte. 
Eu alma, que contempla tudo isto, 
Nada conhece e tudo reconhece. 
Nestas sombras de me sentir existo, 
E é falsa a teia que tecer me tece.  
 
 
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