Fernando Pessoa
Poesias Inéditas
 
Minha alma sabe-me a antiga
 
 
Minha alma sabe-me a antiga 
Mas sou de minha lembrança, 
Como um eco, uma cantiga. 

Bem sei que isto não é nada, 
Mas quem dera a alma que seja 
O que isto é, como uma estrada. 

Talvez eu tosse feliz 
Se houvesse em mim o perdão 
Do que isto quase que diz.

Porque o esforço é vil e vão, 
A verdade, quem a quis? 
Escuta só meu coração. 

 
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