Hélio Pellegrino


Viagem às Minas

Cicatrizes. Matrizes. Hemoptises. O sol posto, no rosto lavrado. Escalavrado. A lavra lágrima decorre, colorada. O escropo cáustico, amarrado e amargo em punho cego, prossegue seu trabalho. Em vão me pego na vertente da areia que me sabe. Eu sou, tu és, o amplo oceano do céu é uma amplidão parada, o eterno roreja tempo na pedra. Ó tempo eterno da pedra, fundado e decifrado, mais que a barca de Pedro, pedra viva vivendo o seu silêncio — água múrmura. À luz da tarde verte seus ecos e mistérios, nas montanhas tamanhas. Arde a tarde, e a tarde arde. É tarde, é noite, é foice, é antemanhã. O arco-íris, suscitado em sua cova, ressuscita. Lua nova e sol posto nascem do mesmo estojo. Pojo. Bojo. Sangradouro de minérios domados. Esses gados.


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