Haydée Nicolussi

Harpejo
                  
 
Voz do amor,  
Cheia de bonança 
Nesse peito rude, 
Quem me fez tão mansa? 

Quem pintou a lua 
Tua voz macia, 
Doce murmúrio 
De um longínquo rio? 

Em que circo mudo 
Essas asas fluidas 
Pulam cordas bambas 
Feitas de veludo? 

Gosto de escutá-la 
No meu quarto escuro, 
Como o arrulho morno 
De uma rola viuva.  

Nem teus olhos de alga 
Ou teu beijo surdo 
Têm mais sortilégio 
Que essa voz noturna. 

Voz que nem a ausência, 
Nem a eternidade 
Emudecerá: 
Ficará ressoando 
Como numa concha 
Fica a voz do mar.

 
                                                                          
Remetente: José Carlos da Rocha

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  05  de Março de 1998