Gilberto Avelino

Diante do Mar
                  
 
É janeiro. O claro 
mês das marés 
de sizígia. 

Ontem,  
a bolandeira circulou 
a lua,  

em sinal da proximidade 
das chuvas. 

Hoje,  
sobre o mar,  
as chuvas 
vieram. 
E os pescadores descansam 
as quilhas. 

— Os peixes 
alumbram-se 
com as águas doces. 

Envolvem o mar 
as escuras sombras 
da noite. 

Contudo,  
em harmonias 
o mar 
tece os fios 
de níveas rendas. 

O farol 
permanece atento,  
indicando 
os rumos. 

E nós — amada 
amiga,  
nos enternecendo 
ao som da onda,  

da onda 
alta,  

com quem dividimos 
a vigília.

                                                                          

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 Página atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de Março de 1998