Fernando Pessoa
Poesias Inéditas
Lá fora onde árvores são
 
 
     Lá fora onde árvores são 
    O que se mexe a parar 
    Não vejo nada senão, 
    Depois das árvores, o mar.

    É azul intensamente,
    Salpicado de luzir, 
    E tem na onda indolente
    Um suspirar de dormir.

    Mas nem durmo eu nem o mar,
    Ambos nós, no dia brando,
    E ele sossega a avançar
    E eu não penso e estou pensando.
 
 

 
Remetente : Arcileia