Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

QUE noite serena! Que lindo luar! 
       
QUE noite serena! Que lindo luar! 
Que linda barquinha 
Bailando no mar!  
Suave, todo o passado - o que foi aqui de Lisboa - me surge...
O terceiro andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a-horas próprio, hoje morto.

Meu Deus, que fiz eu da vida?  

Que noite serena, etc. 

   
Remetente : Joél Gallinati Heim 
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