Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Não sei. Falta-me um sentido, um tacto 
       
Não sei. Falta-me um sentido, um tacto 
Para a vida, para o amor, para a glória... 
Para que serve qualquer história, 
Ou qualquer facto ?  
Estou só, só como ninguém ainda esteve, 
Oco dentro de mim, sem depois nem antes. 
Parece que passam sem ver-me os instantes, 
Mas passam sem que o seu passo seja leve. 
Começo a ler, mas cansa-me o que ainda não li. 
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir. 
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir 
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
   
Remetente : Joél Gallinati Heim 
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